5 de agosto de 2015

“Minha mulher faz Scrapbook” – relato de um marido desesperado

Acabei de descobrir este texto (partilhado num grupo do facebook) e tive que o trazer para aqui para não o perder.

Mesmo engraçado... leiam que vale a pena! Eu ainda estou a rir. 

Ah! E qualquer semelhança com a realidade só pode ser... coincidência! :p



“Minha mulher faz Scrapbook” (Relato de um marido)

Eu vou lhe contar tudo, desde o início...

Ela sempre gostou de artesanato. Adorava frequentar feirinhas, comprava coisas para alegrar a casa, até fazia um bordado de ponto cruz de vez em quando.

Um dia, uma amiga que tinha chegado dos Estados Unidos trouxe uma revista. Uma simples revista. Inofensiva. Pelo menos, era o que eu pensava... Já estávamos casados há alguns anos, dois filhos, tudo ia bem na nossa vida. Mas aquela revista...

Era uma revista com uns trabalhos de recortar e colar fotos, fazer álbuns de fotografia, algo assim! A minha mulher ficou encantada com os álbuns e disse: - Que lindo!! Será que é difícil de fazer? E a amiga respondeu: - Acho que não. Olha, aqui no final da revista tem uns PAPs e umas explicações. Eu empresto-te a revista e tu tentas.

Ela colocou a revista num canto e esqueceu-se dela por ali. Até que vieram as férias e ela reclamou que estava sem saber o que fazer nos dias em que passaríamos na praia. E eu sugeri: - Por que não tentas fazer aqueles trabalhos da revista que a tua amiga te emprestou? Hásemanas que está ali. Se não for para fazer é melhor devolver. Quando penso que EU sugeri! Não consigo conformar-me...

Ela saiu, comprou uns papéis, cola, autocolantes, régua, base de corte e, no final de uma tarde, tinha uma página pronta. Mostrou-ma, orgulhosa do resultado e eu incentivei.

EU INCENTIVEI!!! Mesmo não entendendo nada daquilo, dava para ver que não tinha ficado nada de espacial! Onde é que já se viu uma bicicleta e uma peteca a voar no meio de umas fotos, sem nada ter a ver com o tema das mesmas, já que eram as fotos do nosso último natal e nem as crianças tinham ganho isso de presente! Mas ela estava empolgada e já tinha descoberto um curso numa loja longe de casa!

O curso durava 4 semanas, só que ela convenceu a professora de que não poderia, por causa do trabalho, fazê-lo em 4 semanas. Precisava fazer apenas em uma, já que seria só para ter uma base! Afinal, aquilo era só um hobby, não era? Foi aos poucos. Eu nem percebi. Hoje olho para trás e tento identificar o momento em que tudo começou, mas não consigo... No começo foi engraçado, ela estava empolgada, alegre. Logo terminou um álbum, "ALL ABOUT ME", disse ela.

Comecei a ouvir as conversas dela ao telefone com as amigas e vi que era uma linguagem incompreensível para mim: - Olá! Acabei o meu STAR BOOK! A sério. Não, fiz um lift da Elsie misturado com a Lisa! Juro! Usei um embelishment de vellum, fiz heat emboss, com as bordas "inkadas". É verdade! Estou tão orgulhosa... até usei o meu crocodilo! Agora estou aqui a pensar se faço um flip book ou um lift de um ABC.

O que achas? ABC? Dry Emboss? Heat emboss? Crocodilo? Crocodilo para mim sempre foi um bicho, mas, aparentemente, eu estava enganado. A nossa comunicação estava a começar a ficar difícil.

Agora, agrafador, lá em casa chama-se Fastenator. Copiar é liftar. Mas o pior nem era isso... O problema era a invasão silenciosa da nossa casa. Aos poucos começámos a encontrar papéis, livros e todo tipo de material de scrap em todos os cantos. Sentar no sofá era um perigo! Ser picado por um agulhão era o mínimo que podia acontecer. Isso, claro, quando conseguia um espaço para sentar. Geralmente tudo estava ocupado por papéis, tintas, carimbos, linha e agulha!

A empregada não podia deitar nada fora sem antes lhe mostrar! Tudo servia: a lata de Nesquik, de leite condensado, milhões de frascos invadiam as estantes e armários! Uma estante foi ocupada pelos livros e revistas de scrapbooking que chegavam dentro de sacos cada vez que ela saía e passava numa livraria ("estava em promoção, olha só!"), mas também pelo correio, com as coisas que ela pedia pela internet ("sabias que livros NÃO PAGAM imposto de importação? Não é o máximo?").

Papéis então... Estavam por todo o lado. Acho que algum cientista ainda vai descobrir que papéis têm vida própria e que, ainda por cima, se reproduzem! Afinal, como explicar as vezes em que eu fui pegar um papel para escrever algo ou embrulhar um presente e a pilha que antes tinha 30 cm de altura agora tem 40? Sem contar que quando ela viu, deu um grito e disse: - O QUÊ?! Não me vais dizer que estás a pensar escrever ou embrulhar um simples presentinho num Acid Free Kraft White Paisley Making Memories by Jennifer McGuire, não é? Não sei quem é essa Jenni-não-sei-o-quê, mas deve ser alguém muito importante... Muito mais do que eu e os nossos filhos que já não tinham roupas novas porque sempre tinha um novo lançamento de uma nova linha de uma nova marca.

E sempre a mesma desculpa: - Nós temos que estar sempre a renovar nosso stock de papéis e ferramentas por que senão o projeto não vai ficar fashion! Vai ficar horrível! Horrível, na verdade, tinham ficado os nossos almoços e jantares... Primeiro ela começou a fazer só coisas super rápidas (afinal, tinha ficado Scrapeando até as barrigas roncarem mais alto do que a martelada para colocar um ilhós), depois começaram os PFs, já que não tinha nenhum espaço na mesa que não fosse tomado por papel, tecidos, régua, tesouras, cola, etc, etc, etc. E ai de quem tentasse apoiar o prato ou copo num pequeno espaço da mesa!

Afinal de contas, scrap, água e comida não podem estar juntos!

Num domingo, estávamos todos em casa quando, de repente, tocou um despertador. Eu apanhei um susto! Perguntei porque é que o despertador estava a tocar a meio da tarde e não acreditei na resposta que ela deu sem nem levantar os olhos do LO que estava a fazer: - Ah! São horas de ir buscar as crianças à escola. Eu coloquei o despertador para não me esquecer... Tu sabes que quando eu pego num LO não vejo as horas passar! E esqueci-me que hoje era domingo e não o desliguei!

Nos armários começaram a aparecer caixas e mais caixas. Aliás, as caixas estavam também na sala, ao lado do sofá, no nosso quarto, ao lado da cama, no hall de entrada...

Essas caixas eram um mistério para mim, até que um dia interceptei uma conversa e vi que a coisa era ainda pior do que eu imaginava! - Estou arrasada. Tenho uns 30 kits aqui em casa e, pelo menos, uns 10 UFO's (=Unfinished Objects). Não, ainda não consegui dar finalizar aquele LO, acredita? Só faltam os fuxicos e eu não me animo!

O problema é que tem pelo menos uns 10 que eu quero começar, mas estou a tentar aguentar-me. Então, menina, aquela revista japonesa tem uns transparencies LO's que são demais! Mas eu já disse que só começo depois de acabar pelo menos aquele com os ghost que estão há séculos no quarto!!! E continuou a conversa... - Então... é só pegar, enfiar, abrir as perninhas e dar uma pancadinha. Está pronto! - Pois é... tenho que fazer como tu! Acabar com as primas! Os sacos tinham UFOs?!!!

A minha mulher estava a receber marcianos em casa e ainda estava a fazer fuxicos com eles? Logo ela, que nunca foi de falar mal da vida de ninguém! Será que ela estava a ponto de ser abduzida?! E que história era aquela de fantasma no quarto? Com certeza tinha a ver com esse tal de LO! E essa história de abrir as pernas... e acabar com as primas?

Será que está a participar nalguma quadrilha? E se a polícia viesse aqui a casa? A NASA, a CIA, o FBI? Já estava até a imaginar a cena... Helicópteros a sobrevoara casa, as crianças apavoradas num canto e aqueles homens em macacões e capacetes de astronauta a entrar, a vasculhar tudo e a dizer: "Soubemos que a dona desta casa mantém LO's aqui, além de ter UFOs reféns, presos em caixas. E ela, com ar de desdém: "-Humpf, esse macacão podia pelo menos ter um scrapzinho! Uns apliques! Deviam personalizar esses macacões"

Achei que aquilo tudo já estava a ir longe demais! Falei com ela e tentei ser compreensivo. Disse que estava a sentir a falta dela, de passearmos juntos, só nós os dois, propus uma viagem. Ela relutou por uns tempos, mas depois aceitou. Ficou bem feliz com a ideia. Feliz demais, até. Eu devia ter desconfiado...

Ela disse que organizaria tudo, que passaríamos 04 dias num lugar bem romântico. 

Quando voltámos, sempre que lhe perguntavam pelo passeio ela respondia: - Não sei porque é que ele ficou tão chateado! Saíamos para passear todas as noites! Tirámos fotos maravilhosas!!! Ele está sempre a reclamar que trabalha muito, que está sempre cansado... Ora, quando eu arranjo dias inteiros para ele ficar de papo para o ar, sem fazer nada e dormir até tarde, ele acha mau! Agora, amiga, vou te contar: a feira e o Scrapday foi DO MELHOR!!! 

Comecei a ficar desesperado.

Procurei os maridos das amigas dela e vi que todos estavam na mesma situação. Criámos um grupo de auto-ajuda, e reuníamos-nos enquanto elas faziam crops, para trocar experiências.

As histórias eram terrívies! - Levei minha mulher à Itália para ver se ela se desligava um pouco. Quando entrámos na Basílica de São Marcos, em Veneza, ela deu um grito e caiu de quatro! Ficou o tempo todo a olhar só para o chão. Disse que era uma fonte de inspiração infinita para os LO dela. Quis tirar fotos, era proibido. Então ajoelhou-se e ficou a desenhar, tirando os modelos. Toda a gente a olhar para as obras de arte, para os mosaicos, e ela ali, a copiar o chão e a parede!

E foi a mesma coisa em todas as outras cidades, Milão, Florença... Eu já não sabia o que fazer. Além de ter que ficar minutos na mesma posição até obter a foto ideal para determinado LO. Quase caí numa fonte porque o ângulo tinha que apanhar a parede da cor que parecia o papel X que ela tem! Agora só fala em participar num cruzeiro nas Bahamas. Scrap Cruise! 24 HOUR NON STOP CROPPING! 

Comigo foi pior! Tinha uma obra perto de casa. Uma nova linha de autocarros. Eles estavam a instalar os postes de luz e os tais postes vinham embrulhados num tipo de papel, sei lá. Só sei que ela foi até à obra e saiu carregada de pacotes e mais pacotes daquele papel! Eu perguntei: "E se a polícia te apanha a roubar material na rua?" E ela disse: "Achas? Eles iam DEITAR FORA! Não achas pecado deitar esse papel super diferente fora?! Dá uma cobertura excelente para usar nos chips!".

Eu fiquei em pânico pensando que iamos começar a comer papel em cima das batatas, pois "chips" para mim era batata...

Isso não é nada! A minha mulher voltou a estudar inglês. Eu fiquei contente porque pensei que finalmente ela se estava a libertar dessa coisa. Nada disso! Ela voltou a estudar inglês para poder assistir um canal americano de scrapbooking pela internet! 24 horas por dia! Isso sem falar que é para participar de uma tal de CKU ou CHA. O que é que eu vou fazer? E começou a soluçar.

Os outros maridos, com pena, ofereceram-lhe mais uma cerveja e suspiraram em uníssono! Todos sabiam muito bem o poder da Internet! 

Um deles andou a bisbilhotar o perfil da mulher e descobriu que ela agora fazia parte de um grupo (que ele já estava a ponto de chamar de 'seita') chamada (com muita razão, diga-se de passagem) de Scraphólicas Anónimas!!! É o fim! É por isso que eu vim aqui, Doutor.

Vim para saber se isso tem cura, se tem alguma coisa que eu possa fazer pela minha mulher!

O médico era um especialista. Uma das maiores referências nacionais em Psiquiatria. Esse médico era realmente a última esperança de toda a família. Depois de ouvir a história toda em profundo silêncio, com os braços cruzados sobre o peito e o olhar grave, o médico apoiou os cotovelos sobre a mesa, respirou fundo e disse: - Bem... Por acaso o senhor não me poderia dar o endereço desse grupo de maridos? A minha mulher também faz Scrapbooking!!

(Autor Desconhecido)

Fonte: http://www.criartiva.com/minha-mulher-faz-scrapbook-relato-de-um-marido-desesperado/

5 comentários:

  1. OMG...coitado deste marido...ainda por cima não entende nada da linguagem própria de quem faz do Scrap passatempo! Também estou a rir até agora, amei! <3

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  2. Menina,achava que estava ficando louca, mas depois deste depoimento tenho certeza, esta doença scrapbook,é viral e estou contagiada,só penso em comprar coisas de scrap,e fico pensando haaaa se eu morasse nos Estados Unidos,gente? lá tem de tudo .

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  3. É um texto muito giro. Qualquer semelhança com o meu marido é pura coincidência :)

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  4. Nossa,tem marido sofrendo e outros amando o scrap né Susana? Meu caso é produção independente sou solteira,rsrs.Bom domingo amiga.Beijo.Valéria.

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  5. Pôxa, Suzana, no meu caso,já que sou separada há muito, são os meus filhos que passam como marido. Adoro scrap, apesar de ser uma iniciante. Vou copiar este texto e mostrar para eles como as mulheres são iguaisinhas a mim. Bjs!

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